Páginas

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Artigo Minissaia

Curto para chamar a atenção,

cobre todo o assunto

e instiga a imaginação

  1. Após minhas críticas a administração do Hospital Nossa Senhora da Conceição tive a oportunidade de encontrar alguns amigos da lida financeira do nosocômio e estes externaram seus pensamentos sobre meu artigo. Foi interessante a reflexão levada aos mesmos. De fato a parte financeira do HNSC está de boa a melhor já que a dívida que chegava a R$ 4.000.000,00 no início da gestão, hoje não ultrapassa R$ 300.000,00 o que é normal para uma instituição deste porte. Relativamente a administração médica o exame de consciência foi ainda melhor, já que o atendimento está excelente e as pessoas não mais tem reclamação alguma. Fico imensamente feliz em ter levado aos esculápios a este momento reflexivo e ter tido tão bons resultados. Em que pese isto ter me acarretado uma interpelação extrajudicial valeu apena para a sociedade de Pará de Minas e demais cidades da região que necessitam dos serviços médicos do HNSC.

  2. A primeira reunião da Tribunal Popular de Pará de Minas nos bairros Serra Verde e Jardim das Piteiras II foi um sucesso! Parabéns ao seu idealizador Geraldo Medina que conseguiu reunir lideranças no local e fortalecer a representatividade daquela Associação de Bairro. Dia 20 de fevereiro retornaremos para ver os resultados. Já no dia 24 de fevereiro estaremos no Bairro Santos Dumont para continuarmos o trabalho de fortalecimento daquela Associação de Bairro deixando o microfone livre para as reivindicações da comunidade. Nesta primeira reunião sentimos a falta de um representante da Prefeitura. Mas certo que no Bairro Santo Dumont (maior 'colégio' eleitoral da cidade) não vão faltar autoridades e pessoas interessadas na solução de eventuais problemas que serão apresentados.

  3. Preocupada com o engrandecimento da sociedade de Pará de Minas e região a Fapam continua brilhando na apresentação de novos cursos e vestibulares. TODOS RECONHECIDOS ANTECIPADAMENTE PELO MINISTÉRIO DA CULTURA - MEC. As inscrições vão até o dia 5 de fevereiro. Não percam esta oportunidade oferecida! As informações podem ser no próprio site: www.fapam.edu.br. Orgulho-me de ser professor nesta instituição de ensino tão dedicada. Parabéns a diretoria e a mantenedora Confraria Nossa Senhora da Piedade.

  4. Deixo publicamente registradas algumas lágrimas: Zilda Arns, Haiti, vítimas das chuvas.

  5. De tão providenciais preciso plagiar as palavras de Luiz Viana David no seu blog: “O vice-prefeito Mansur anuncia obras para melhorar o tráfego de veículos nas ruas da cidade. Ouço e não consigo me calar: pelo visto vão passar batom numa boca cheia de dentes estragados, jogar fora dinheiro que não está sobrando. Para consertar o trânsito no centro da cidade algumas medidas impopulares devem ser tomadas: 1ª - lotações não passarão mais pela rua Direita; 2ª - estreitar a pista da rua Direita, consequentemente alargando os passeios, eliminar o estacionamento de carros, transformando a via em aprazível calçadão, arborizado e com bancos pro povo sentar; 3º - transformar rua Dr. Higino, quarteirão entre a praça Chico Torquato e rua Direita, em calçadão; 4º - transformar o lado impar da praça Padre José Pereira (do santuário) em calçadão; - 5º - incentivar a iniciativa privada a construir prédios/garagem; 6º - cargas e descargas serão permitidas no centro apenas das 7 horas PM até 8 horas AM (sete da noite às oito da manhã). Fora isto, tudo que se fizer será enxugação de gelo. A prioridade deverá ser sempre o pedestre e não os veículos. Para ser sincero, a impressão que eu tenho é a de que a administração “franco-porfiriana” jamais teve -nem tem- um projeto para o trânsito da cidade. Após 10 anos de poder absoluto, fizeram quase nada neste setor. Não será agora, quando caminha (a administração) para seu epílogo que promoverão as drásticas e necessárias mudanças. Mas o contribuinte, este otário, pagou religiosamente todos os ipevêas a que teve direito.” Endereço do Blog: http://luizvianadavid.blog.terra.com.br/

  6. Correição judicial: agora Pará de Minas já sabe o que é! É o momento onde todos podem LIVREMENTE externar para o juiz, advogado, promotor, delegado e outros membros do poder judiciário as suas reivindicações. Em uma participativa audiência correicional, na terça-feira passada a justiça abriu suas portas e as pendências, elogios e demais fatos foram postos na mesa. Certos que agora o poder judiciário, ao menos em Pará de Minas, haverá de – no que foi apresentado – procurar dar a melhor atenção aos seus cidadãos.

  7. O Sambódromo Francisco Olivé Diniz ou Sambódromo Chicão já está sendo preparado para o carnaval. Acabou-se em definitivo com o carnaval de rua de Pará de Minas. Bom ou ruim, a administração bateu a mão na mesa e fez o que melhor entendeu para a população. Somente após o evento poderemos aquilatar se a comodidade valeu a pena.

  8. PIADA PRONTA: Transitava eu pelos corredores de um fórum quando um magistrado me interpelou: “Olha só que erro ortográfico grosseiro temos nesta petição.” Li estampado logo na primeira linha do petitório: "Esselentíssimo Juiz". Gargalhando, o magistrado me perguntou : “Por acaso esse advogado foi seu aluno na Faculdade?” “Foi sim” – Fui obrigado a reconhecer. Mas questionei onde estava o erro ortográfico a que o magistrado se referia. O juiz pareceu surpreso: “Ora, meu caro, acaso você não sabe como se escreve a palavra Excelentíssimo? Então fui obrigado a explicar: Se o colega Advogado desejava se referir a excelência dos seus serviços, o erro ortográfico efetivamente é grosseiro. Entretanto, se fazia alusão à morosidade da prestação jurisdicional, o equívoco reside apenas na junção inapropriada de duas palavras. O certo então seria dizer: "Esse lentíssimo juiz"

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A MUSICA CLÁSSIA E A REDAÇÃO DE TEXTOS

Tive o prazer de ser agraciado com um livro de excelente lavra denominado “Alucinações Musicais” de Oliver Sacks. O autor, profundo pesquisador, aponta fatos que modificaram sensivelmente as pessoas. Estes fatos tem, de alguma forma, relação com a música. Narra o livro numa de suas primeiras histórias a vida de um senhor que por mais de trinta anos ouvia em seu cérebro o início da música “as Quatro Estações “ de Vivaldi. Certo que para tal cidadão foi um tormento conviver interruptamente com aquela música por tanto tempo.

Mas o tema que pretendo abordar de forma discreta, foi citado por Oliver Sacks na sua obra.

Sou pessoa que escrevo linhas e mais linhas de textos diariamente. A vida jurídica consiste na redação de textos. São estes documentos que hão de fazer a convicção de um julgador para os casos que nós, advogados, somos responsáveis no dia-a-dia.

Sempre adiante do computador, deixo a tela de redator de textos sempre aberta para receber minhas conjecturas sobre um ou outro tema que tenho de trabalhar. Entretanto, outra janela fica aberta na Rádio Cultura FM de São Paulo que tem uma programação exclusiva de música clássica. Noutras oportunidades as nossas rádios locais são ouvidas por mim.

Desta forma, redigindo e ouvindo música, passo meus dias.

Certa feita notei que minha redação estava muito variável. Estas modificações incluíam algumas características antagônicas entre si: ora meus textos eram longos, ora muito sucintos. Nalgumas vezes redigia com português clássico e escorreito, e alguns outros textos eram muito simplórios no vernáculo. Certos textos eram recheados de veemência, outros amenos nos chamativos / avocativos para o tema abordado. E assim passei a me questionar o motivo de meu estilo de redação ser tão variável e variar tanto em tão pouco tempo. Num único dia eu notava pelo menos umas três formas distintas de redação. Minha investigação continuou até que um dia eu digitava com uma enorme velocidade digna dos meus bons tempos de escrevente nos estágios da faculdade de direito em Alfenas. As teclas eram rapidamente acionadas e meus dedos bailavam sobre o teclado muito rapidamente. Percebi então que eu digitava no ritmo de “In Taberna” da célebre obra de Carl Orff, “Carmina Burana”. De fato a cancionata é rápida, e o coral deve ser extremamente ágil com o latim para conseguir cantar tão rapidamente. Rápido como eu escrevia!

Terminado o texto passei a redação de uma peça processual onde eu tratava de uma adoção de menores e fui agraciado com a audição de “A paixão de Cristo Segundo São Mateus” de Bach. De dolorida musicalidade o oratório e sua melodia auxiliaram-me num bom texto onde toda a dor de pais que tinham os filhos arrebatados pela adoção. Sem dar-me conta lancei no meu texto a seguinte expressão “Pai, Pai, porque me abandonaste” fazendo referência àqueles filhos que não mais veriam seus pais biológicos e um dia questionariam sobre os motivos da perda da paternidade para uma adoção. Tal redação deu-se exatamente quando o coro cantava a célebre exclamação de Cristo no alto do Calvário. Mas o coral cantava tal frase em hebraico: Eli Eli Lama Sabactâni. Imperceptivelmente meu texto estava impregnado da dor de Cristo que se sentiu abandonado pelo Pai, assim como aqueles filhos estavam prestes a sair de suas famílias pelo fato de seus pais não os ter dispensado a necessária atenção.

De fato, neste momento concluí que a musicalidade afeta diretamente a redação de textos. Assim sendo, passei a escrever minhas poesias, contos e postagens de blog, sempre sobre a oitiva de uma música diferente e notei algumas situações interessantes no que diz respeito as minhas reações a cada tipo de música.

Longe de querer sugestionar o leitor, é interessante fazer a experiência, mas em mim deu-se o seguinte:

Música clássica: redações mais longas, bem estruturadas, português escorreito; com o piano os textos são um pouco mais curtos, mas os pensamentos estão bem sintetizados na peça que escrevo;

Sertanejo: redações curtas, português simplório e exposição de pensamentos de forma vaga;

Música eletrônica: textos enérgicos, agressivos, um pouco longos também; toda a ideia que pretendia ser explanada ocorre de maneira mais firme e de forma impositiva;

A MPB deu a meus textos ares de melancolia e certa paixão; rendeu-me boas poesias.

Pagode, funk, baladão, etc: impossível escrever sob tal parafernália musical; não consegui escrever nada de valor ouvindo tais músicas.

O mais interessante é a musica religiosa: com ela a piedade vai a tal ponto que pode chegar a pedir a condenação de réu do qual sou responsável pela defesa pelo fato de ele ter usado drogas. A defesa definitivamente não sai no papel. Reconhece-se o crime a acaba-se pedindo uma pena ao cliente. É, de fato uma música não recomendável para criminalistas. Mas na defesa de interesses de mercado (direito comercial), a música religiosa sempre tende a levar o redator a um pedido de conciliação e uma certa pacificação do processo e união das partes.

Conversando com alguns colegas que tem os mesmos hábitos: escrever ouvindo música, todos ainda não tinham percebido tal influência. Passado o tempo me foram retornadas as informações destes amigos. E quão grande foi a minha surpresa quando cada um mencionava a situação processual e a música adequada para o momento. Preservando a identidade destes advogados e escritores vão aí algumas experiências:

Para um advogado criminalista a os três primeiros movimentos da Nona Sinfonia de Beethovem inspirava grandes e perfeitas defesas. Para outro advogado, um tributarista, a inspiração de redações vinha em melhor profusão com a MPB. Um perito que sempre ouvia sertanejo trocou o ritmo musical para a música eletrônica já que tal som lhe proporcionou excelentes pareceres. Alguns estudantes me informaram que antes estudavam ao som do Rock in Roll, mas depois dedicaram-se a música instrumentalizada apenas, ou seja, sem vocal, para melhor concentração nos estudos.

Apenas por observação, informo que escrevi este artigo com o som de Tiesto no remix elaborado para o filme “Piratas do Caribe”.