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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Um sofrimento

sonho

Acordando as 6h30m já se percebe que a noite não fora das de criança, e sim de pesadelos com processos, procedimentos, inquéritos e um sem fim de problemas de ordem pessoal.

Para que pegasse no leve sono foram no mínimo 2 horas de rala e rola no travesseiro, a fazer do colchão um palco de um mórbido balé de quem tem tantas questões a serem resolvidas que não se consegue pensar em apenas um.

Pensa em até 6 ao mesmo tempo. Falando sozinho entra no primeiro estágio da loucura, meditando em alta voz o que pretende fazer com um determinado problema. Já no segundo plano de seus distúrbios adianta a argumentação do que diz em voz alta. Em terceira plano, pensa nos próprios problemas, que são tantos que ocupam o quarto plano de seus raciocínios. O quinto e sexto plano ficam por conta da agenda atarefada que deve cumprir.

Medita incansavelmente todas as matizes de sua vida. E o resultado não podendo ser diferente, passa pelo estresse entrando na mais profunda profusão da depressão. Não consegue reunir de uma única vez, eis que este é objetivo, a solução para tantos desatinos. Em todos os seis planos do pensamento uma questão se confunde, a solução para tudo. A vica sendo o eterno resolver problemas que se esvai à cada uma destas tentativas frustradas. Não consegue deter-se em um único apenas. Todos os problemas do mundo hão se ser resolvidos com um único estalar de dedos.

Por não saber dizer não, a todos os pleitos que lhe são apresentados, diz haver a solução e poder patrocinar o combate ao desiderato pretendido. É visto nas ruas como o salvador da pátria, uma vez que somente a ele é dado abarcar todas as questões que lhe são levadas. Jamais recusa uma questão, atende a todos e nada pede em troca. Aquele samaritano do livro santo ficaria com inveja.

Para um pouco e pensa, delira:

- Ahh se tivesse a lâmpada do Gênio. É… eu encontrei a lâmpada do gênio e ele vai me conceder três desejos. Bom vou pedir apenas 2 inicialmente: vida eterna e sabedoria. Mas o meu corpo haverá de ser apto a ter tal vida. Sempre jovem e esbelto, podendo ser modificado de acordo com as conveniências e necessidades. Eu morro agora e deixo minha família, para nascer já jovem em outro local onde morarei em uma residência sozinho, levando à ela somente as pessoas que sejam de meu interesse. Depois vou pedir a sabedoria, porque viver nesta eterna vida haverei de necessitar de sabedoria. O gênio vai achar hiper interessante e vai me dizer que já fui sábio ao dizer tais desejos, libertando-se da garrafinha e passando todos os poderes dele para mim (isto é um sonho!). Bom o último desejo que faria, a mim mesmo, eis que o gênio agora é humano deixando-me com legado, os seus poderes, peço a morte. Viver neste mundo, que é uma droga, mesmo com muita sabedoria deve ser um tédio. Então quando a coisa ficasse preta eu pediria a morte. Mas fui despedido, acabou-se todas as chances de ser eu um profissional estabelecido condignamente. Vou para a capital e procurar uma agência de garotos de programa, como jovem, sei que vou ser aceito, bonito eu sou, então a dona do bordel vai me aceitar a uma boa grana por programa que eu fizer, vou lá para a cidade, ligo para ela e digo como sou. Ela vai gostar e me contratar para ela, vou sair com homens, mulheres e gays. Vou ganhar dinheiro e solucionar a minha vida até uma certa idade pelo menos, porque a vida destes profissionais do sexo é curta mais vai ser legal, depois morro de AIDS e tá bom. Vivi legal e de forma interessante. Bons dias...

Devaneio!

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Parece iniciar um discurso na academia de juristas da Sorbone, seus outros cinco sentidos já estão preparados neste momento para toda a evolução do processo legislativo e criativo de uma certa legislação criminal.

???

Casos engraçados? Dizem que ajuda a pegar no sono…

Charutos!

Pois bem, vou relembrar uma seqüência de mim que sou pra lá de iniciante!

Tempos passados, mais ou menos uns 4 anos, um cliente (sou advogado) sabendo que eu tinha predileção por charutos convidou-me à sua residência para apreciarmos algumas de suas preciosidades. Veio ele com várias marcas de seletos aromas e sabores. Aleatoriamente escolhi um que ele disse: “Parabéns escolheu dos melhores!!!!” (acho que falou sagasticamente) porque era um toquinho de charuto que não durou 5 minutos e já tinha acabado! Imagino que era uma cigarrilha, apenas mais encorpada. Com umas 3 folhas de fumo estava proto aquele “projeto pitante”. Minha boca amargou. Meu estômago embrulhou. Minha língua queimou. Meu nariz ficou uma coriza só!

Mais depois. Ao final de nosso saborear este amigo disse-me que eu poderia escolher qualquer um daqueles charutos de sua coleção para fumar em uma outra ocasião.

Não deixei por menos. Fiz mira num.... e pronto.... estava lá meu amigo vermelho e trêmulo com a escolha que fiz. Cumpre ressaltar que eu já estava como dito charuto no bolso e agradecendo o presente. Não entendi a sua vermelhidão e o pânico que causara.

O tempo passou e ele me perguntou se havia fumado o charuto presenteado.

-Sim!. Respondi. Fumei de duas vezes. Ele estava tão bom que o dividi em dois e fumei uma parte na boate tomando umas cervejas com amigos e a outra parte eu fumei quando de uma festa agropecuária. Alguns colegas, inclusive, deram umas mordidas na ponta dele para mascar o fumo. E acharam fantástico. Será que você poderia me arrumar mais uns destes?

Lágrimas nos olhos, e palavras do mais baixo calão me foram direcionadas. Quase que apanho ante a fúria deste amigo. Eu por minha vez quase tive um ‘estremelique’ quando ele me disse que aquele charuto era um dos mais caros que tinha adquirido numa viagem que fizera a Cuba. Tratava-se de um charuto elaborado com os mais criteriosos e esmerados meios artesanais. Uma relíquia, a perfeição em forma de charuto!

Por fim ele me perguntou com apaguei o charuto: “Ora! Jogando no chão e pisando!”

Assassino! Miserável. Foram as ‘carícias’ que recebi!

………… não dorme!

insonia

- Deixa ver. Dorme. Vou me ajeitar um pouco.

Se contorce mais umas vezes e chega a posição fetal que lhe parece confortável por alguns instantes quando continua:

- Putamerda, esqueci de escovar os dentes.

Levanta para o relembrado afazer. Passa pela cozinha apinhada de pratos sujos e copos por toda a parte. Fuma.

O cigarro às 2 horas da manhã é uma das mais estranhas sensações de frustração do ser humano que o dispõe a praticar. Pensa mais uma vez, e agora não relutando-se no sono que deseja mas não tem. Agora é porque está disposto a pensar, a cada baforada, olhando para o seu abrigo, nas mazelas de sua vida.

- Porque não penso coisas boas? Vou pensar algo bacana. A saída na boate. Nossa estava legal demais. Quando eu fui para a parte de baixo dela e fiquei com aquele garoto foi muito bom. Pensamento ruim, minto para mim mesmo, porque não fiquei com ninguém e porque não tem nada de legal trair.

Escova os dentes.

Deita-se novamente.

Os pensamentos continuam, as loucuras vão se amontoando e nada do sono chegar. Dormir é produto de luxo que a este humano no shoping do Paraíso não lhe foi dado ter acesso, ante o caríssimo preço. Preço que era nada mais nada menos que uma vida de regras rígidas consigo e liberal para com os demais. Rigidez que deveria ser amortizada com momentos de lucidez e desprendimento. Liberalidade que deveria ter um punho de aço por trás. Como conjugar esta discrepância e conflito? Ele não sabia. Então vive no mundo perdido de seus pensamentos.

- Dorme! Ordena a si mesmo.

charles kiefer insonia

Pensou em sexo. A questão é massageadora do cérebro. Deteve-se em uma transa e adormeceu acordando para a realidade de seu sub consciente. O seu íntimo, no sono manda. O déspota acaba por fazer com que seu corpo conheça todos os centímetros da cama no balé que não se acaba. Seu canalha, seu idiota, e os adjetivos são lançados pelo consciente tirano a todo o instante. Os músculos não reagem e não se distendem. Rijos, necessitam de ser alterados de posição ante a terrível dor provocada. O déspota continua com suas infâmias, relembrando a todo o momento os seus mais ínfimos fracassos, elevados às grandezas da megalomania do universo.

Enfim, não que fora abençoado com o sono desejado, mas porque seu organismo já não mais aceita a latência continuada… Falece.

Sentado no pé da cama reza e blasfema.

Café.

Sai de casa, já procurando o faltoso cigarro.

Não encontra.

Inicia o pânico do vício. Terror que dura apenas 2 minutos até a padaria. Mas iniciou-se a constelação de dores diárias. Esta fora a menor delas.

Insuportável dia. Tal qual seus pensamentos noturnos teve que assumir concomitantemente várias tarefas, incontáveis responsabilidades. Inúmeras pessoas lhe dirigindo à procura de soluções. Ele dá todas, menos as suas próprias.

Inicia um pensamento e já esbarra em outro. A cada momento discursos são proferidos às pessoas que lhe cercam e outra infinidade de palestras lhe são bombardeadas no cérebro. Todos os níveis de raciocínio trabalhando incansavelmente e ativamente.

hopper.hotel-room

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